Just a little message while I’m away!

Dear Family,

Família que, além de pai, mãe, avós, irmãos, primos, primas, tios e tias, considero aqui, e sempre, meus amigos, amigas, médicos, médicas, enfermeiros e enfermeiras que cuidaram de mim. Em maio de 2009 fui internado no Hospital Israelita Albert Einstein em São Paulo por uma inicial suspeita de aumento do coração que fora descoberto por pura sorte, mas que pouco depois foi desconfirmada. Motivo da internação: realizar uma biópsia da massa encontrada entre o coração e o pulmão esquerdo.

Após oito dias internado, chegou-se ao diagnóstico final. Com vinte anos, um mês e vinte dias, descobriram que era portador de três linfomas não-hodgkin de grandes células B, crescimento intermediário e terceiro estadiamento, iniciando de imediato o tratamento quimioterápico. Confesso que apesar demonstrar total calma, foram os oito dias mais tensos de uma vida: saber que tinha algo, mas não saber o que era. Peço desculpas para aqueles que dei algumas informações, mas nunca completas durante esses dias.

Algum tempo depois da primeira quimio, meu cabelo começou a cair. Sim, fiquei careca. Mas que família eu tenho. Alguns até rasparam para que eu não ficasse sozinho, mesmo dizendo que não era necessário.

Com repetição a cada 21 dias e exames de sangue semanais, fui levando essas 6 sessões de quimioterapia. Sinceramente, passou rápido. O bem vindo como um mal, fez perceber algumas coisas. Eu tento ser um filho perfeito, um amigo perfeito, um estudante perfeito… enfim, perfeito. Mas percebi que cometi, e ainda cometo, diversos erros. A primeira coisa que posso dizer para minha família é: desculpe se algum dia eu fiz algo de errado para vocês. Mas que família eu tenho. Mesmo errando tanto, nunca me abandonaram.

Já dizia Shakespeare em seu texto “O Menestrel”: “E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher”. De nada serviria viver se não tivesse esse grupo que tenho o prazer de chamar de família. Minha mãe uma vez disse “por você eu limparia o ar até tirar o último vírus”. Mas que família eu tenho. E eu nem me dava conta.

Presentes nos momentos bons e nos momentos ruins, quando eu precisava naqueles dias pós-quimio, com picolés e leite gelado, quando precisava simplesmente ver alguém diferente daquela rotina do hospital. Todos faziam de tudo para me ver bem. Mas que família eu tenho. Não poderia escolher melhor.

Mesmo eles esperando um rosto abatido, um pouco de tristeza ou mesmo um esboço de desanimo, nunca deixer transparecer isso. A vida não é longa e nem curta demais, é grande o suficiente para ser vivida e não tenho tempo para parar por causa disso tudo. Com apoio de todos, fiz mais do que o imaginável. Frequentei a faculdade, fui a uma festa, saí diversas vezes para jantar com essa família. Mas que família eu tenho. Mais atenção que isso impossível.

Seja numa ilha do Caribe, ou de mudança para outro continente totalmente distante, sempre pude contar com ele em todos os momentos. Nunca imaginei que seria capaz de desistir de um sonho para voltar e ficar perto de mim. Não tenho nada a dizer além de Obrigado. Mas que família eu tenho. Desistiriam de sonhos para garantir que eu sonhasse.

Se comparasse a vida com uma cidade, os diferentes  momentos seriam representandos pelos diferentes prédios. Em alguns momentos estariamos nas alturas. Se em algum momento decidir pular, não vai ser por ter certeza que posso voar, mas porque tenho certeza que se não conseguir, minha família estará lá embaixo para me segurar.

Obrigado por serem minha família,
Guilherme Mori

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9 Responses
  1. Mayra

    Lindo de mais….por dentro e por fora….
    Um exemplo sem igual que dava forca ate para nos que estavamos la para dar forca para ele…
    Uma familia realmente excepcional….
    Um paciente sem igual…que ate dava sustos nas enfermeiras e brincava com as nossas caras…
    Que bom ver voce bem!!!
    Bjosssssssssssssssssssssssssssssssss

  2. Titio Marcelo

    Gui, pode ter que fazer parte dessa família é a melhor coisa que cada um de nós poderíamos ter em nossas vidas. É fantástico saber que podemos contar uns com os outros em todos os momentos, seja na saúde ou na doença. Todos com certeza ficamos sem saber o que fazer, o que falar. Em alguns momentos até sufocamos você pela quantidade de amor que todos sentem uns pelos outros. Essa é a nossa família, poucos são capazes de entendê-la pois para eles nós somos simplesmente um bando de loucos, mas é assim que nós mostramos que a gente pode tudo desde que seja feito em “família”.
    Beijos do titio

  3. Deinha

    Gui
    Que lindo o texto, é de emocionar.
    Vc é um lindo. Por fora todo mundo vê, mas por dentro privilégio de poucos !!!
    A vovó tá aqui do lado dizendo quemorre de orgulho de vc, e reclamando que não tem a parte das vovós no início do texto.
    Bom divertimento aí no Caribe (que chic vcs hein !!!)
    Bjos

  4. Carol

    Que bonitinho!
    Mas… priminho… sua priminha Carol, seu priminho Rapha, sua titia Cris e seu titio Rô foram pra São Paulo (que NUNCA vamos) só pra te visitar =D Então não esqueça… Você é a maior das celebridades:
    Gui > AC/DC …
    Bye bye
    Divirta-se no Caribe… folgado (e eu nos vestibulares ¬¬)

  5. Cris

    Estava com saudade e passei só para dar uma olhadinha….nunca imaginei que, dia de Natal, no Caribe, você postaria alguma coisa….
    Foi a maior e melhor surpresa que eu poderia ter.
    Gui, você é o maior exemplo de tudo que eu poderia conhecer.
    Fofíssimo. Simplesmente fofíssimo!!
    Mil beijinhos.

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