O dia 5 de Maio foi eleito o dia mundial da higiene das mãos. Sei que ainda faltam alguns dias, mas o momento pede a antecipação da lembrança desse dia. Não por conta da necessidade, mais do que nunca, de higienizar as mãos por conta do novo Coronavírus, mas pelos aprendizados.
Para poder falar desses aprendizados, lembrei exatamente do ano de 2011. Foi nesse ano que o Einstein me convidou, um simples ex-paciente de linfoma, para falar para dezenas de médicos a importância da higiene das mãos… do ponto de vista de um paciente.
E o que isso tem a ver com os meus aprendizados? Calma que chego lá!
Tudo começa com uma pequena apresentação que montei para esse dia. Treze slides, super simples, sem muito conteúdo, do jeito que eu gosto… para eu apresentar e poder falar. Uma apresentação de 10 minutos, nada longa.
E foi com esse slide que mostrei como a vida começou a dar voltas a partir do meu diagnóstico. Quando o chão momentaneamente deixou de existir sob meus pés. Quando comecei a descobrir o real significado de toda minha família.
Os desafios da época foram os mesmos que enfrentamos hoje com a COVID-19. Sabe essa história de não ter contato social? Pois é, já experienciei isso antes. Sei que não é legal. Mas é só uma fase.
Em um bolso andava com meu potinho de álcool gel. No outro, uma máscara N-95. Dois itens que eram mais essenciais que meu celular, minha carteira ou meu material da faculdade. Não saia por nada sem os dois, pronto para usar quando necessário. E sabem por que?
Sim, foi justamente na época da H1N1, também conhecida como gripe suína (tem até uma história engraçada sobre isso durante a minha internação). Naquela época vocês não ficaram tão preocupados assim. Claro, não era tão infecciosa e não chegaram tantos casos até aqui, como mostra o comparativo:
Mas, assim como eu fui capaz de me isolar de muitas situações, usar máscara em praticamente todas as situações, lavar as mãos em cada segundo que tocava em algo… vocês nós conseguimos fazer isso! E sabe por que? Agora sim chego no ponto que todos queriam!
Passar por esse momento difícil me trouxe várias coisas boas. Coisas que me fizeram na época olhar por cima dessas situação complicada que eu estava passando, que me fizeram hoje poder dizer de boca cheia: nós conseguimos.
- Descobri que meu irmão seria capaz de desistir do que era o emprego dos sonhos (claro, morava no Curaçao) só para ficar comigo;
- Descobri que minha mãe limparia até o último vírus do ar para que eu pudesse respirar tranquilamente;
- Comecei a namorar a pessoa que mais amava naquele momento 💙 e que oito anos depois estaríamos casados;
- Comprei meu primeiro carro, um Honda Fit, que me levou em diversas aventuras;
- Conquistei meu primeiro estágio, na Unilever;
- Percebi que algumas pessoas que considerava apenas como “conhecidas” eram de fato mais do que amigas;
- Aprendi o quão importante e forte é o poder de um sorriso (principalmente nos momentos que não podia abraçar).
Isso são pequenos exemplos de conquistas que aconteceram durante ou nos primeiros meses depois do fim do tratamento. Mas poderia estender até não poder mais: me formei, empreendi, aprendi, errei, arrisquei, viajei (muito)… foram várias conquistas.
Ontem é história, o amanhã é um mistério, mas o hoje é uma dádiva. Por isso ele é chamado de presente. Pode não parecer, mas esse provérbio chinês eu aprendi no Kung Fu Panda.
Eu já estou pronto para as próximas conquistas que esse mistério que é o amanhã preparou para mim. Enquanto isso, aproveito a dádiva que é o hoje, vivendo cada minuto para ser como eu sempre fui: resiliente.
E você? Quais serão suas próximas conquistas?
Um abraço,
Gui Mori
Por você? Qualquer coisa, Gui!
LY